top of page

Tudo sobre Sinusite crônica: sintomas, perigos, tratamento e quando se preocupar

Saiba tudo sobre a Sinusite Crônica: sintomas, riscos, duração, tratamento clínico e cirúrgico, quando é grave e como agir em um conteúdo baseado em evidências, mas com linguagem simples.


Uma moça negra exausta, com sinusite, segurando o nariz e a cabeça

A sinusite crônica é uma inflamação dos seios da face que dura 12 semanas ou mais e pode causar obstrução nasal, dor/pressão facial, secreção espessa e perda de olfato. Ela pode evoluir com polipose nasal, crises recorrentes e, raramente, complicações orbitárias (nos olhos) e intracranianas (meningite/abscesso). O tratamento inclui lavagem nasal com soro, corticoide intranasal, controle de alergias e outras doenças de base, e, nos casos refratários, cirurgia endoscópica e, em casos selecionados, medicamentos biológicos. Sinais de gravidade exigem avaliação urgente.

Aviso importante: Esse conteúdo não substitui uma consulta médica. As informações abaixo são gerais e tem fins educativos. Em caso de sintomas intensos ou sinais de alarme, procure atendimento médico imediato!

Tudo sobre sinusite crônica! O que é?


Definição clínica: a sinusite crônica (rinossinusite crônica ou RSC) é a inflamação do tecido que reveste a nossa cavidade nasal e os seios paranasais, que são as cavidades que ficam ao redor do nosso nariz. Tem uma duração de 12 semanas ou mais, com pelo menos dois sintomas principais (obstrução/congestão nasal, secreção nasal anterior ou posterior, dor/pressão facial, redução/perda do olfato) e evidência objetiva de inflamação (endoscopia nasal ou tomografia).


Pode ser dividida em dois grandes grupos pela forma como se manifesta nos pacientes, ou seja, de acordo com o seu fenótipo:

  • Rinossinusite sem pólipos nasais (CRSsNP).

  • Rinossinusite com pólipos nasais (CRSwNP).


Fatores associados: rinite alérgica, asma, intolerância à aspirina/AERD, alterações anatômicas, foco dentário, tabagismo, poluição, refluxo, imunodeficiências, discinesia ciliar, fibrose cística, biofilmes bacterianos.


Quais os impactos da sinusite crônica?

A Sinusite Crônica impõe um fardo significativo ao paciente, afetando profundamente a sua qualidade de vida podendo ser pior do que o de outras condições crônicas graves, como insuficiência cardíaca congestiva. Além dos sintomas nasais, a doença está associada a manifestações debilitantes que impactam o bem-estar geral. Pacientes com RSC frequentemente relatam fadiga severa, má qualidade do sono, problemas de concentração e memória e uma prevalência de depressão significativamente maior do que na população geral, sendo esses fatores extrassinusais os principais impulsionadores da baixa qualidade de vida.


Socialmente, o fardo da doença também é imenso, começando pela sua alta prevalência, que supera a de outras condições respiratórias comuns. O impacto econômico é dividido em custos diretos e indiretos, ambos na casa dos bilhões de dólares anualmente. Os custos diretos envolvem despesas com tratamentos médicos, consultas e cirurgias, que são extremamente onerosas. Já os custos indiretos referem-se à perda de produtividade, incluindo o absenteísmo (faltas ao trabalho) e o presenteísmo (produtividade reduzida enquanto se está no trabalho), representando um prejuízo econômico igualmente massivo para a sociedade.


Quais são os sintomas da sinusite crônica e quando é grave?


Sintomas frequentes da sinusite crônica:

  • Nariz entupido, corrimento espesso (amarelo/esverdeado) ou gotejamento do nariz pra garganta

  • Dor/pressão na face, sensação de “peso” na testa/maçãs do rosto

  • Olfato e paladar reduzidos (hiposmia/anosmia)

  • Tosse crônica, pior à noite

  • Cansaço, halitose, plenitude auricular


Quando a sinusite é grave ou se torna preocupante:

  • Febre alta persistente

  • Inchaço ao redor dos olhos, vermelhidão ocular, dor ao mover os olhos, visão dupla ou turvação visual

  • Dor de cabeça intensa/“diferente do habitual”

  • Vômitos, rigidez na nuca, sonolência/confusão

  • Dor facial intensa unilateral, prostração

  • Secreção fétida persistente com dor de dente (sugere origem dentária)

  • Em crianças: edema palpebral, letargia, recusa alimentar

    Procure atendimento de urgência diante de qualquer sinal ou sintoma acima.


Pior fase da sinusite crônica:

  • Em geral corresponde às agudizações (crises) da RSC, quando a inflamação se exacerba, podendo haver secreção purulenta, dor importante e febre.


O que a sinusite crônica pode causar? Quais os perigos?


Complicações (felizmente raras com diagnóstico e tratamento adequados):

  • Orbitárias (olho): celulite orbitária, abscesso subperiosteal/orbitário, trombose do seio cavernoso (emergência)

  • Intracranianas: meningite, abscesso cerebral, empiema subdural, trombose venosa

  • Locais: mucoceles/osteíte do osso frontal, erosão óssea, infecções de origem dentária para o seio maxilar

  • Sistêmicas/associadas: piora de asma, otite média com efusão, impacto importante em sono, produtividade e qualidade de vida


A sinusite pode levar a óbito?

  • É extremamente incomum, mas complicações intracranianas graves, quando não tratadas a tempo, podem ser fatais. Reconhecer e agir diante dos sinais de alarme reduz drasticamente esse risco.


Quais órgãos a sinusite “ataca”?

  • Primariamente: nariz e seios da face.

  • Pode repercutir em: olhos (órbita), ossos da face, cérebro (em complicações), orelha média (otite), vias aéreas inferiores (asma).


Por que minha sinusite não sara?


Principais razões para um controle ruim da sinusite crônica:

  • Inflamação de base não controlada (alérgica, eosinofílica, AERD)

  • Pólipos nasais que obstruem as vias de drenagem dos seios da face

  • Técnica inadequada ou baixa adesão às lavagens nasais e ao corticoide intranasal

  • Uso crônico de descongestionante tópico (efeito rebote: rinite medicamentosa)

  • Foco dentário (sinusite odontogênica)

  • Tabagismo e poluição

  • Doenças associadas (asma, refluxo), imunodeficiência ou alterações ciliares

  • Biofilmes/bactérias resistentes, especialmente nas agudizações

  • Anatomia desfavorável que impede ventilação e distribuição de medicamentos tópicos

A boa notícia: identificar e tratar os fatores perpetuadores costuma mudar o curso da doença.


Qual é o tratamento para sinusite crônica?


Objetivos do tratamento da sinusite crônica:

  • Reduzir inflamação e inchaço da mucosa

  • Melhorar drenagem e ventilação dos seios

  • Tratar agudizações quando ocorrerem

  • Prevenir recaídas e melhorar o olfato e a qualidade de vida do paciente


Nós realizamos a abordagem em etapas, baseada em evidências:


1) Cuidados de base (quase sempre indicados)

  • Lavagem nasal com solução salina: uso diário com squeeze/garrafinha ou seringa de grande volume (geralmente 200–240 ml por narina ao dia). Solução isotônica, como soro fisiológico, costuma ser bem tolerada; a hipertônica, que é mais salgada, pode ajudar alguns pacientes, mas pode arder. É importante conversar com o seu médico para que ele explique a melhor maneira de realizar a lavagem nasal para o seu caso.

  • Corticoide intranasal: mometasona, budesonida, fluticasona, entre outros, usados corretamente e continuamente. Na sinusite crônica com pólipos nasais o benefício é ainda maior.

  • Educação e técnica: irrigar o nariz com solução salina antes de aplicar o spray aumenta a penetração do corticoide, mas deve-se aguardar pelo 30 minutos entre um e o outro.

  • Controle de fatores: alergias (ambiente, anti-histamínicos quando indicados, imunoterapia em casos selecionados), cessar tabagismo, tratar foco dentário e refluxo quando presentes.


2) Manejo das agudizações (crises da RSC)

  • Reforço de lavagens e corticoide intranasal.

  • Corticoide oral por curto período de tempo pode ser considerado em paciente com sinusite crônica com pólipos nasais com obstrução/anosmia importantes, sempre com avaliação de riscos/benefícios.

  • Antibióticos: não são de rotina para sinusite crônica estável. Avaliar em agudizações com sinais de infecção bacteriana associada (secreção purulenta marcada, dor de um dos lados importante, febre), preferindo esquemas dirigidos pelo quadro clínico e, quando possível, por cultura.

  • Realizamos no consultório a cultura da secreção sob visualização endoscópica para garantir que estamos coletando a secreção do local adequado.


3) Outras Terapias medicamentosas e complementares

  • Irrigação com corticoide (ex.: budesonida diluída na solução salina): ainda com uso não recomendado formalmente em bula (off-label), mas com evidências científicas crescentes em casos selecionados, sob orientação médica.

  • Biológicos em sinusite crônica com pólipos nasais refratária: dupilumabe, omalizumabe, mepolizumabe podem reduzir pólipos, melhorar olfato e reduzir necessidade de cirurgia em pacientes com critérios de indicação bem definidos.

  • Antibióticos macrolídeos em baixa dose por tempo prolongado: evidências mistas; podem ser considerados em fenótipo não eosinofílico, com acompanhamento criterioso.

  • Antifúngicos intranasais/sistêmicos: não são recomendados rotineiramente para RSC (falta de benefício consistente).


4) Cirurgia endoscópica endonasal minimamente invasiva

  • É indicada quando o tratamento clínico otimizado falha em proporcionar controle dos sintomas, em complicações, polipose extensa ou anatomia desfavorável.

  • Objetivos: restabelecer a ventilação e drenagem dos seios da face, remover pólipos e doença obstrutiva, bem como facilitar a entrega de medicamentos tópicos.

  • Resultados: melhora significativa da qualidade de vida, olfato e controle das crises em grande parte dos pacientes, especialmente quando associada a manutenção clínica correta no pós-operatório.

  • Dilatação por Balão (dilatação do óstio) pode ter papel em casos selecionados, geralmente de doença limitada e em pacientes que não tenham condição clínica de serem submetidos a cirurgia endonasal. A indicação da sinusoplastia por balão deve ser feita após criteriosa avaliação.


O que é bom para “acabar” com a sinusite crônica?


  • Não existe “pílula mágica” ou “cura rápida”. O que funciona é um plano consistente:

    • Irrigação salina diária + corticoide intranasal com técnica correta

    • Controle de alergias/comorbidades e fatores ambientais

    • Intervenções avançadas como cirurgia e eventualmente biológicos quando indicados

  • Com isso, muitos pacientes alcançam remissão prolongada e vida sem limitações significativas.


Como desinflamar a face na crise de sinusite?

  • Lavagem nasal com soro morno e volumoso

  • Spray intranasal de corticoide (uso regular; não é de efeito imediato, mas ajuda a resolver a crise)

  • Analgésicos/anti-inflamatórios comuns quando não houver contraindicação (ex.: paracetamol, ibuprofeno)

  • Descongestionante tópico nasal: se necessário, por curto prazo (no máximo 3–5 dias) para evitar rinite medicamentosa

  • Compressas mornas na face podem aliviar

  • Hidratação, sono adequado e evitar irritantes (fumaça, poeira)


    Atenção: inalação de vapor tem benefício limitado e risco de queimaduras; óleos essenciais podem irritar vias aéreas e não são recomendados.


Qual o “remédio mais forte” para sinusite?

  • “Mais forte” não significa “melhor” ou “mais seguro” para você. O tratamento certo depende do tipo de RSC, gravidade e comorbidades.

    • Corticoide oral é potente, mas com efeitos colaterais; usa-se por períodos curtos e indicações específicas.

    • Antibióticos só quando há suspeita de infecção bacteriana; uso inadequado traz resistência e efeitos adversos.

    • Biológicos são muito eficazes em sinusite crônica com pólipos nasais refratária, mas têm critérios específicos de indicação e acompanhamento.

  • Evite automedicação. A avaliação especializada personaliza a estratégia eficaz e segura.


Qual é a planta que cura sinusite?

  • Não há evidência de que alguma “planta” cure sinusite crônica.

  • Chás (ex.: gengibre, camomila) podem aliviar sintomas gerais, mas não tratam a inflamação dos seios da face.

  • Sprays/inalações com ervas ou óleos essenciais podem irritar a mucosa e piorar o quadro. Use com cautela e, de preferência, evite.

  • Foque no que tem comprovação: lavagens salinas, corticoides intranasais, controle de fatores e, quando preciso, intervenções avançadas.


Como saber se a sinusite se espalhou para o cérebro?

Sinais de alarme para complicações intracranianas:

  • Dor de cabeça intensa e contínua, diferente das habituais

  • Febre alta, rigidez na nuca, vômitos

  • Sonolência, confusão, alteração de comportamento ou convulsões

  • Alterações visuais, edema importante ao redor dos olhos, proptose (olho “saltado”)

  • Quadro que piora rapidamente apesar do tratamento inicial


O que fazer:

  • Buscar atendimento de urgência imediatamente.

  • Exames como tomografia e, sobretudo, ressonância podem ser necessários, além de avaliação por Otorrinolaringologia e, em alguns casos, Neurocirurgia.


Quando a sinusite precisa de internação?

  • Presença de complicações orbitárias (celulite ou abscesso) ou intracranianas (meningite ou abscesso)

  • Dor intensa com febre alta e toxemia (coração e respiração acelerados, pressão baixa, desorientação, palidez, queda da pressão e confusão mental)

  • Imunossuprimidos, crianças pequenas com sinais de complicação

  • Falha do tratamento ambulatorial, desidratação ou necessidade de antibióticos venosos ou cirurgia urgente


Quais os perigos da sinusite crônica?

  • Impacto na qualidade de vida, sono, produtividade e saúde mental

  • Perda de olfato/paladar persistente e impacto nutricional

  • Pólipos, mucoceles, osteíte

  • Complicações orbitárias ou intracranianas (raras, mas graves)

  • Piora ou descompensação de doenças associadas como asma


Perguntas rápidas (FAQ)


  • O que a sinusite pode evoluir?

    • Para polipose, crises recorrentes, mucoceles, osteíte e, raramente, complicações orbitárias ou intracranianas.

  • Qual é o perigo da sinusite crônica?

    • Além do impacto diário, o risco — raro — de complicações graves, especialmente em agudizações não tratadas.

  • Quando a sinusite é grave ou se torna preocupante?

    • Diante de febre alta, dor ou edema ocular, alteração visual, dor de cabeça intensa, vômitos ou rigidez de nuca, confusão, piora rápida.

  • Qual o tempo de duração da sinusite crônica?

    • Por definição, ≥12 semanas; com manejo adequado, costuma ficar sob controle.

  • Quais órgãos a sinusite “ataca”?

    • Nariz e seios da face; pode repercutir em olhos, ossos, cérebro (complicações), orelhas e pulmões.

  • Como curar sinusite crônica?

    • O foco é controle de longo prazo: lavagens + corticoide intranasal, controle de fatores; cirurgia e biológicos quando necessários.


Quando procurar um especialista para Sinusite Crônica?

  • Sintomas por mais de 12 semanas

  • Crises recorrentes ou perda de olfato persistente

  • Sinais de alarme (procure urgência)

  • Falha ou intolerância ao tratamento clínico

  • Suspeita de origem dentária, polipose, asma não controlada ou AERD

  • Avaliação para cirurgia endoscópica ou biológicos


Atendemos com abordagem individualizada e técnicas endoscópicas avançadas:

  • Unidade Ibirapuera: Av. Ibirapuera, nº 1753, Cj. 101, Indianópolis – São Paulo/SP

  • Hospital Moriah


Referências científicas deste post:

  • EPOS – European Position Paper on Rhinosinusitis and Nasal Polyps (versões mais recentes)

  • ICAR-RS (International Consensus Statement on Allergy and Rhinology: Rhinosinusitis).

  • AAO-HNSF Clinical Practice Guideline: Adult Sinusitis e atualizações. American Academy of Otolaryngology–Head and Neck Surgery.

  • Revisões sistemáticas/Cochrane sobre lavagens salinas, corticoides intranasais e cirurgia endoscópica na RSC.


Observação: a literatura científica é ampla e atualizada periodicamente; decisões terapêuticas devem considerar o quadro clínico individual.


Sobre o autor

O Dr. Deusdedit Brandão Neto é referência em Otorrinolaringologia, especialista em cirurgia endoscópica endonasal e base do crânio anterior, com extensa formação no Hospital das Clínicas da FMUSP e experiência internacional. Palestrante frequente nos principais congressos com temas relacionados a sinusite crônica e cirurgia endoscópica, é orientador de cirurgia para residentes e Fellows no Hospital das Clínicas da USP e no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. Atua com foco em tratamento moderno, baseado em evidências, e atendimento humanizado.

Comentários


© 2015 por Dr. Deusdedit Brandão Neto.      São Paulo - SP. Brasil.   Contato

Responsável técnico: Dr. Deusdedit Brandão Neto. CRM 151.875 | RQE 65.989

bottom of page