A pílula para apneia do sono pode aposentar a máscara do CPAP? Conheça a nova medicação: AD109
- Brandão Otorrinolaringologia

- 12 de ago.
- 5 min de leitura

O que é a pílula para apneia do sono: AD109?
A AD109 é uma pílula em investigação para tratar a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), também chamada de apneia do sono. Ela combina duas substâncias:
Atomoxetina: aumenta a atividade de certos neurotransmissores (principalmente noradrenalina), ajudando os músculos das vias aéreas a “segurarem” a garganta aberta durante o sono.
Aroxybutynin (aroxibutinina): um antimuscarínico em desenvolvimento que ajuda a reduzir o relaxamento excessivo da via aérea e estabilizar a respiração.
Em palavras simples: a AD109 tenta manter a garganta menos “mole” e mais “firme” enquanto você dorme, diminuindo as pausas respiratórias.
Importante: até o momento (informações atualizadas até meados de 2025), a AD109 ainda está em estudos clínicos e não tem aprovação para uso amplo.
Por que isso é importante?
A apneia do sono é muito comum e vai além do ronco alto. Ela provoca pausas repetidas na respiração, queda de oxigênio e microdespertares, aumentando riscos de:
Pressão alta, arritmias e problemas cardiovasculares
Sonolência diurna, acidentes, perda de concentração e memória
Resistência à insulina e ganho de peso
Diminuição da qualidade de vida e do humor
Perda da libido e até mesmo impotência sexual em homens
O CPAP, aquela máscara que joga ar na via aérea, é o padrão-ouro de tratamento porque funciona muito bem na maior parte dos pacientes. Mas algumas pessoas têm dificuldade de adaptação. Uma opção de medicação oral eficaz poderia ajudar uma parcela de pacientes que não toleram o CPAP ou que têm formas específicas de apneia.
Como a AD109 funciona no corpo? (Sem “mediquês”)
Durante o sono, a garganta tende a relaxar. Se relaxa demais, ela “fecha” e o ar não passa: é a apneia.
A atomoxetina “liga” o comando para os músculos que dilatam a garganta.
A aroxybutynin reduz a tendência de colapso, principalmente em fases do sono em que a musculatura ficaria mais “mole”.
Juntas, elas buscam diminuir as pausas na respiração e melhorar a oxigenação.
O que os estudos mostraram até agora?
Ensaios clínicos de fase 2 (com adultos com AOS) sugeriram que a AD109, em uso noturno, reduziu de forma significativa o índice de apneia-hipopneia (AIH) em parte dos participantes.
Em média, os estudos apontaram reduções próximas de 40–50% no AIH para determinados perfis de pacientes, além de sinais de melhora em sintomas diurnos (como sonolência).
Os efeitos colaterais relatados foram, na maioria, leves a moderados (veja abaixo), e a segurança está sendo avaliada de forma contínua.
Ensaios de fase 3 foram iniciados para confirmar eficácia e segurança em grupos maiores e por mais tempo.
A AD109 ainda NÃO foi aprovada por agências regulatórias (como ANVISA ou FDA) até meados de 2025. Ou seja, trata-se de uma terapia em investigação.
Observação: os números exatos variam entre estudos e perfis de pacientes. Resultados individuais podem ser diferentes.
Para quem a AD109 pode fazer mais sentido (em tese)
Pessoas com apneia leve a moderada que não se adaptaram bem ao CPAP.
Quadros com apneia predominante em fase REM ou com vias aéreas que colapsam por relaxamento muscular.
Pacientes com expectativa de boa adesão a tratamento oral noturno.
Mas isso é hipótese baseada nos dados iniciais. A indicação real dependerá dos resultados finais dos estudos e das diretrizes que surgirem se (e quando) houver aprovação.
Quem pode não ser um bom candidato
Pelo perfil dos componentes, é preciso cuidado especial (os estudos avaliam contra-indicações) em pessoas com:
Doenças cardiovasculares não controladas, arritmias, hipertensão difícil de controlar
Glaucoma de ângulo fechado
Hiperplasia prostática com retenção urinária
Uso de medicações que interajam com atomoxetina
Gravidez e lactação (ainda sem dados robustos)
Crianças e adolescentes (foco atual é em adultos)
Jamais inicie ou teste medicações por conta própria. A avaliação médica é essencial.
Efeitos colaterais mais comuns observados
Boca seca, náusea, constipação
Insônia leve, agitação, dor de cabeça
Aumento discreto de pressão arterial e frequência cardíaca em algumas pessoas
A maioria dos eventos relatados foi leve a moderada, mas a segurança a longo prazo ainda está em estudo. A decisão risco-benefício é individual.
AD109 substitui o CPAP?
Não neste momento. O CPAP continua sendo o tratamento de referência, com eficácia comprovada para reduzir apneias, melhorar oxigenação e proteger o coração e o cérebro. A AD109 pode vir a ser:
Uma alternativa para quem não tolera CPAP
Uma opção para perfis específicos de apneia
Um tratamento combinado, dependendo do caso
Só saberemos o lugar exato dessa pílula no “mapa” do tratamento após os resultados finais e possíveis aprovações.
Outras opções de tratamento (que já existem)
Perda de peso e atividade física
Aparelhos intra-orais (avanço mandibular), especialmente em apneia leve a moderada
Tratamentos posicionais (evitar dormir de barriga para cima)
Controle de álcool e sedativos à noite
Cirurgias selecionadas, em casos bem indicados, como do septo nasal, cornetos, amígdalas, faringe e base de língua
Terapias para melhorar a respiração nasal (quando a obstrução nasal é parte do problema)
Cada paciente tem um “mix” de causas que devem ser avaliadas para escolha adequada da melhor opção terapêutica. O sucesso está em personalizar.
Perguntas frequentes
Está disponível no Brasil?
Ainda não. A AD109 está em fase de pesquisa. Sem aprovação regulatória até meados de 2025.
Posso conseguir “importar” para uso próprio?
Não é recomendável nem simples. Além de questões legais, segurança e adequação clínica precisam de avaliação. Aguarde os resultados e orientações oficiais.
Vai acabar com o ronco?
Se o ronco vem da apneia e a apneia diminui, o ronco pode melhorar. Mas nem todo ronco é apneia, e nem todo paciente responde da mesma forma.
É só tomar e pronto?
Não. Mesmo tratamentos orais precisam de acompanhamento, ajustes, controle de efeitos colaterais e reavaliação com polissonografia ou exames equivalentes.
Por quanto tempo teria que usar?
Ainda não sabemos. Estudos maiores dirão sobre uso crônico, adesão e especialmente sobre a segurança prolongada.
E se eu já uso CPAP?
Não interrompa nada sem orientação. É possível que no futuro a pílula seja complementar ou alternativa para alguns perfis, mas isso dependerá de evidências e da avaliação médica.
O que esperar nos próximos anos
Resultados dos estudos de fase 3 dirão se a AD109 cumpre o que promete em diferentes públicos e por mais tempo.
Se aprovada, diretrizes clínicas definirão para quem indicar, como monitorar e quando combinar com outras terapias.
O foco seguirá sendo o cuidado integral: tratar a apneia, melhorar sintomas e reduzir riscos cardiovasculares e metabólicos.
Conclusão
A AD109 é uma pílula promissora em estudo para apneia do sono, com uma lógica de ação inteligente: fortalecer os músculos que mantêm a via aérea aberta e reduzir o colapso durante o sono. Os dados iniciais são animadores para parte dos pacientes, mas ainda precisamos dos resultados finais e das aprovações regulatórias. Enquanto isso, o CPAP e as terapias já validadas continuam sendo a base do cuidado.
Se você ronca, acorda cansado, tem pausas respiratórias noturnas ou sonolência diurna, vale investigar. Uma avaliação especializada identifica o melhor plano para o seu caso — hoje e quando novas opções chegarem.
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Deusdedit Brandão Neto
CRM 151.875 | RQE 65.989
Médico Otorrinolaringologista - USP
Especialista em Cirurgia Endoscópica Endonasal e Base do Crânio - USP
Doutor em Ciências - Faculdade de Medicina da USP
Nota importante: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui uma consulta ou acompanhamento com profissional habilitado. Em casos de sintomas importantes, procure avaliação médica.





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